segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

subsolo

O homem exausto e escurecido no limiar do túnel. Este sou eu. Cravejado de pepitas e fuligem, saio para conhecer a luz. O tempo para mim são os corredores, as galerias, os buracos de foice e de unha. A terra aberta no labirinto que eu sozinho cavei. Cada palmo, cada estaca. Tudo aqui é pedra e noite alta, tesouro e mergulho, sertão e lamparina. Viajo em pequenos navios de matéria, fumaça, coisa preta valiosa que me leva e me traz. Sou o dono de tudo o que encontro. Nenhuma lei alcança o túnel, que obedece apenas ao seu próprio deus. Morrer ou viver é sempre da minha conta e da conta de quem me espera. Devagar, afundo no oco do solo, que um dia me engolirá.